A frequência desta ação de formação com aproveitamento permite a obtenção do Certificado de Competências Pedagógicas (CCP, anteriormente designado por CAP).A formação profissional assume um papel central e de crescente importância (a par da educação) perante os novos desafios que surgem no país e, na União Europeia: globalização, envelhecimento da população, emergência e utilização crescente de novas tecnologias e consequente necessidade de atualização e aquisição de competências.Tais desafios requerem um aumento do investimento no capital humano e na necessária adaptação dos sistemas de educação e formação existentes.
A aposta na formação profissional conduz à estruturação e competitividade dos mercados de trabalho e do tecido económico no seu todo. A educação e a formação assumem, assim, um papel decisivo na transição para uma sociedade e economia baseadas no conhecimento.O Decreto-Lei n.º 396/2007, de 31 de dezembro, que estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Qualificações (SNQ), a melhoria da qualidade da formação profissional, das suas práticas e dos seus resultados, exige uma atuação que promova a capacidade técnica e pedagógica dos formadores, através do reforço permanente das suas competências.Neste sentido, o novo regime jurídico, aprovado pela Portaria nº 214/2011 de 30 de maio, procura responder a estas necessidades, definindo novas regras relativas aos dispositivos de qualificação e certificação pedagógica de formadores, sejam eles de Formação Inicial, Contínua ou de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, com mais exigência, coerência e transparência, facilitando a perceção por parte dos diversos públicos e das entidades formadoras e simplificando e desburocratizando procedimentos.Este diploma legal pretende reforçar a qualidade da Formação Profissional através da realização dos seguintes objetivos:
-Valorizar a certificação da aptidão pedagógica do formador, estimulando a mobilização das competências capazes de induzir uma relação pedagógica eficaz em diferentes contextos de aprendizagem;
- Estabelecer a obrigatoriedade da Formação Pedagógica Inicial para o acesso à atividade de formador garantindo uma intervenção qualificada neste domínio;
- Promover a formação contínua dos formadores, salientando a necessidade da sua atualização permanente, em especial daqueles que intervêm em ações dirigidas a públicos mais desfavorecidos, na mediação de formação, na formação de formadores, na formação a distância, na formação em contexto de trabalho, na gestão e coordenação da formação, bem como na consultadoria de formação, particularmente junto das PME.
De acordo com este Diploma, para aceder à atividade de Formador é necessário ser titular de um Certificado de Competências Pedagógicas (CCP) que pode ser obtido através de uma entidade formadora certificada.No que respeita à Formação Pedagógica Inicial e Contínua de Formadores foi necessário adaptar os referenciais existentes às novas perspetivas técnico-pedagógicas e fazer uso das recentes investigações no domínio da formação, considerando a experiência adquirida, os constrangimentos observados e a evolução, entretanto, verificada ao nível do perfil de competências do formador e tendo em atenção as orientações da Portaria decorrentes do processo de revisão da legislação de enquadramento.
No caso da Formação Pedagógica Inicial de Formadores a base de duração é de 90 horas e a base de Formação Contínua passa a ter uma duração variavél (minima de 30 horas e máxima de 50 horas) com módulos de 10 horas.Os requisitos ao nível das qualificações e experiência profissional que o Formador deve possuir para o exercício, com sucesso, da sua atividade:
- Qualificação académica e/ou profissional na área em que pretende desenvolver a sua atividade de Formador (p.e., um Formador de informática deverá possuir uma licenciatura na área da Informática);
- Experiência profissional relevante na área de formação de base, que lhe permita ter um contacto realista com o mercado de trabalho e consequentemente conhecer os principais desafios da profissão (p.e. técnico de informática); e
- Formação pedagógica que lhe permita obter o CCP.O Formador, atualmente, responde a múltiplos desafios e tem de estar preparado para enfrentar as necessidades de um mercado da formação profissional cada vez mais competitivo.
Para responder a este objetivo é necessário, em primeiro lugar, perceber quem é o Formador. De uma forma geral, pode afirmar-se que se trata de um indivíduo qualificado, detentor de habilitações académicas e profissionais específicas, cuja intervenção auxilia o formando na aquisição de conhecimentos e/ou desenvolvimento de capacidades, atitudes e formas de comportamento.No entanto, atualmente as empresas e o próprio mercado esperam mais do Formador: exigem um “ser” inspirador, motivador e mobilizador, capaz de romper com os paradigmas tradicionais, pró-ativo, empreendedor e criativo. Os Formadores devem ser profissionais “empresários de si”, que constroem o seu percurso através do que Joaquim Azevedo (1999) designou de “voos de borboleta”. Enquanto construtores e gestores autónomos da sua carreira, procuram “voar” através das flutuações do mercado de trabalho, enraizando em si próprios um leque de competências precioso no suporte dos seus “sinuosos” percursos.Ao Formador não basta ensinar e transmitir conhecimentos, é necessário ser um “facilitador” da aprendizagem, um estimulador à criação de novos comportamentos e atitudes, um profissional que exerça influência nos seus formandos – orientação centrada no cliente - no que respeita à excelência, que observe e estude as diferenças individuais dos sujeitos, as suas consequências e as suas causas. O Formador é um profissional multitasking (multitarefas) que deve, simultaneamente, mobilizar competências das áreas de psicologia, sociologia, pedagogia, gestão, marketing, entre outras ciências.Daqui decorre o facto destes “gestores de si” acumularem diferentes funções ao longo das suas carreiras, como se de uma pequena empresa se tratasse. A utilização desta metáfora serve para afirmar que estes profissionais detêm em si mesmos um “departamento de marketing”, um “departamento de recursos humanos”, um “departamento de contabilidade”, um “departamento de formação”, … assemelhando-se ao perfil de profissional que emerge cada vez mais no atual mercado, e que tem associada a incerteza e a mudança, em ritmo acelerado.Assim, aos formadores é exigido que mobilizem competências fortemente orientadas, não só para o âmbito pedagógico, mas para atitudes e comportamentos que consigam destacar, de um modo singular, no seio da elevada oferta que existe de formadores no mercado. A diferenciação comporta a necessidade de ser empreendedor, ter autonomia e espírito de iniciativa, capacidade de adaptação a qualquer público, ser capaz de sair “do âmbito da sala” e ir para além do que é tradicional e convencional. Em suma, exige-se inovação, criatividade, diversidade e mediação.Neste contexto, existe um conjunto de “drivers” de mudança associados às fortes e rápidas evoluções societais, económicas, tecnológicas e socioprofissionais, assim como à crescente heterogeneidade dos clientes (formandos), tendências que obrigam a uma reorganização dos modelos e processos de ensino-aprendizagem.O Formador, a jusante e a montante da sua intervenção, interage, para além dos seus destinatários diretos (os formandos), com uma diversidade alargada de atores institucionais e individuais, internos e externos ao sistema formativo.Tendo por base uma reflexão profunda ao Estudo citado, e de acordo com os resultados que o mesmo apresenta, construiu-se uma matriz que sistematiza os conteúdos do Estudo, mas já orientados para o Referencial de Formação Inicial de Formadores. Quer isto dizer que a matriz disponibilizada assenta na leitura do Estudo mas consubstanciada em conteúdos orientados para o presente referencial.A matriz pretende, deste modo, refletir uma abordagem ao referencial de competências e uma melhor compreensão da estrutura do referencial de formação que adiante se apresenta, descrevendo três eixos fundamentais que consubstanciam o perfil profissional do Formador: Área de intervenção, Macro competência e Unidade de competência.As principais competências requeridas para o exercício da função de Formador:- Preparar e planear o processo de aprendizagem- Facilitar o processo de aprendizagem orientando para o cliente (formando)- Acompanhar e avaliar as aprendizagens- Gerir a dinâmica da aprendizagem ao longo da vida- Explorar recursos multimédia e plataformas colaborativas- Gerir a diversidade (pedagogia diferenciada e pedagogia inclusiva)- Adotar atitudes de empreendedorismo e criatividadeCom a frequencia do Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores os futuros formadores deverão assumir-se como actores conscientes e dinamizadores do seu papel no seio do sistema de Formação Profissional.Dada a importância do seu papel, o Formador tem como responsabilidade o domínio técnico atualizado relativo à área em que é especializado, o domínio dos métodos e das técnicas pedagógicas adequadas ao tipo e ao nível de formação que desenvolve, bem como mobilizar competências na área da comunicação que proporcionam um ambiente facilitador do processo ensino-aprendizagem.O formador é o técnico que atua em diversos contextos, modalidades, níveis e situações de aprendizagem, com recurso a diferentes estratégias, métodos, técnicas e instrumentos de formação e avaliação, estabelecendo uma relação pedagógica diferenciada, dinâmica e eficaz com múltiplos grupos ou indivíduos, de forma a favorecer a aquisição de conhecimentos e competências, bem como o desenvolvimento de atitudes e comportamentos adequados ao desempenho profissional, tendo em atenção as exigências atuais e prospetivas do mercado de emprego.
A Formação Pedagógica Inicial de formadores é dirigida a indivíduos que pretendam adquirir o Certificado de Competâncias Pedagógicas (CCP) para exercer a atividade de formador.As condições de acesso à Formação Pedagógica Inicial de Formadores exigem a verificação dos requisitos de entrada, exigidos pela Portaria nº 214/2011 de 30 de Maio, associados ao nível de qualificação escolar:
- Deve ter uma qualificação de nível superior;
- Em componentes, unidades ou módulos de formação orientados para competências de natureza mais operativa, o formador pode ter uma qualificação de nível igual ao nível de saída dos formandos, desde que tenha uma experiência profissional comprovada de, no mínimo, cinco anos;
- Não pode ter qualificações inferiores ao 6º ano de escolaridade (De acordo com o Regulamento elaborado ao abrigo do artigo 12º da portaria 214/2011 de 30 de maio).
Sem prejuízo dos critérios legais, deverão constituir critérios de acesso os seguintes:
- Interesse e motivação para a realização da ação de formação;- Disponibilidade;
- Situação profissional;
- Expectativas e necessidades de formação;- Relacionamento interpessoal (capacidade de comunicação e interação, tolerância, capacidade facilidade de cooperação e de trabalho em equipa, capacidade de coordenação de trabalho, …)
- Competências pessoais e sociais adequadas à função: autonomia, assertividade, capacidade de resolução de problemas, espírito empreendedor, iniciativa, criatividade, flexibilidade, …)
- Experiência profissional; e,
- Outras que se venham a verificar necessárias para a concretização do objetivo da formação.Para assegurar o cumprimento dos critérios de acesso à Formação Pedagógica Inicial de Formadores é necessário:
- Entrega do Curriculum-vitae (Modelo Europeu);
-O preenchimento da ficha de inscrição/candidatura;
Após análise curricular e das fichas de inscrição para despiste dos casos não enquadráveis nas condições de acesso, são convocados os candidatos para o preenchimento de um questionário de seleção ou realização de entrevistas individuais para avaliação das expectativas.
1.MÓDULO 1. FORMADOR: SISTEMA, CONTEXTOS E PERFIL (10h)
1.1.Caracterizar os sistemas de qualificação com base nas finalidades, no público-alvo, nas tecnologias utilizadas e no tipo e modalidade de formação pretendida;
1.2.Identificar a legislação, nacional e comunitária, que Regulamenta a Formação Profissional;
1.3.Enunciar as competências e capacidades necessárias à atividade de formador;
1.4.Discriminar as competências exigíveis ao formador no sistema de formação;
1.5.Identificar os conceitos e as principais teorias, modelos explicativos do processo de aprendizagem;
1.6.Identificar os principais fatores e as condições facilitadoras da aprendizagem;
1.7.Desenvolver um espírito crítico, criativo e empreendedor.
2.MÓDULO 2. SIMULAÇÃO PEDAGÓGICA INICIAL (10h)
2.1.Preparar, desenvolver e avaliar sessões de formação;
2.2.Identificar os aspetos pedagógicos considerados mais importantes no processo de ensino-aprendizagem;
2.3.Propor soluções alternativas, apresentar sugestões de estratégias pedagógicas diversificadas;
2.4.Exercitar competências de análise e de autoanálise relativamente a comportamentos observados no desenvolvimento de uma sessão de ensino-aprendizagem.
3.MÓDULO 3. COMUNICAÇÃO E DINAMIZAÇÃO DE GRUPOS EM FORMAÇÃO (10h)
3.1.Compreender a dinâmica formador-formandos-objeto de aprendizagem, numa perspetiva de facilitação dos processos de formação;
3.2.Compreender os fenómenos psicossociais, nomeadamente o da liderança, decorrentes nos grupos em contexto de formação;
3.3.Gerir diferentes grupos de trabalho, com fortes condições de potenciar a discriminação e bloquear a aprendizagem;
3.4.Compreender a dinâmica da individualidade de aprendizagem no seio de um grupo de trabalho;
3.5.Reconhecer a importância do mediador de grupos de trabalho.
4.MÓDULO 4. METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS (10h)
4.1.Escolher e a aplicar as técnicas e os métodos pedagógicos mais adequados aos objetivos, aos públicos-alvo e ao contexto de formação;
4.2.Descrever as vantagens e importância da criatividade em meio pedagógico;
4.3.Identificar estratégias inclusivas de públicos diferenciados;
4.4.Identificar vantagens e desvantagens da aplicação das diferentes técnicas pedagógicas em contextos diferenciados.
5.MÓDULO 5. OPERACIONALIZAÇÃO DA FORMAÇÃO: DO PLANO À AÇÃO (10h)
5.1.Distinguir finalidades, metas, competências, objetivos gerais e objetivos específicos;
5.2.Redigir objetivos pedagógicos em termos operacionais;
5.3.Hierarquizar objetivos segundo os domínios do saber;
5.4.Planificar momentos de ensino-aprendizagem;
5.5.Identificar os princípios orientadores para a conceção e elaboração de planos de unidades de formação;
5.6.Preencher fichas de planificação da formação (plano de ação de formação/ módulo/ sessão).
6.MÓDULO 6. RECURSOS DIDÁTICOS E MULTIMÉDIA (10h)
6.1.Selecionar, conceber e adequar os meios pedagógico-didáticos, em suporte multimédia, em função da estratégia pedagógica adotada;
6.2.Conceber, adequar e utilizar apresentações multimédia;
6.3.Compreender a dinâmica e importância do PowerPoint como modelo de apresentação;
6.4.Criar apresentações em PowerPoint tendo em conta as respetivas regras de elaboração.
7.MÓDULO 7. PLATAFORMAS COLABORATIVAS E DE APRENDIZAGEM (10h)
7.1.Compreender as mudanças evolutivas do Ensino a Distância;
7.2.Identificar as características e as vantagens do e-learning;
7.3.Compreender o funcionamento das Plataformas de suporte da formação a distância;
7.4.Identificar regras de formação através da Internet;
7.5.Reconhecer a importância do e-formador/e-mediador no processo formativo a distância;
7.6.Identificar e aplicar os mecanismos/softwares de comunicação online;
7.7.Desenvolver uma formação utilizando as Plataformas Colaborativas e de Aprendizagem para suporte de materiais.
8.MÓDULO 8. AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E DAS APRENDIZAGENS (10h)
8.1.Distinguir diferentes níveis de avaliação dos resultados de formação;
8.2.Construir e aplicar instrumentos de avaliação em função dos objetivos previamente definidos, que permitam verificar e controlar os resultados da aprendizagem, a eficiência e a eficácia da formação;
8.3.Identificar causas de subjetividade na avaliação;
8.4.Aplicar um método sistémico e evolutivo de análise de resultados de formação;
8.5.Propor medidas de regulação, com vista à melhoria do processo de formação.
9.MÓDULO 9. SIMULAÇÃO PEDAGÓGICA FINAL (10h)9.1.Preparar, desenvolver e avaliar sessões de formação;
9.2.Identificar os aspetos pedagógicos considerados mais importantes no processo de ensino- aprendizagem;
9.3.Propor soluções alternativas, apresentar sugestões de estratégias pedagógicas diversificadas;
9.4.Exercitar competências de análise e de autoanálise relativamente a comportamentos observados no desenvolvimento de uma sessão de ensino-aprendizagem;
9.5.Comparar o nível de competências pedagógicas adquiridas ao longo do processo formativo, com o nível de desempenho demonstrado no início da ação;
9.6.Elaborar uma síntese e avaliação dos processos formativos vivenciados;
9.7.Construir percursos para autoformação (traçado de percursos individuais de formação).
Todas as pessoas que pretendam vir a desempenhar funções de formador(a) Futuros profissionais na área da formação.
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