A certificação continua a ser uma mais-valia no currículo profissional, dinamizando a procura de cursos específicos e a actualização de competências nas áreas tecnológicas, à medida da evolução do conhecimento e da lógica de formação contínua.
Mesmo na actual conjuntura económica, as áreas de tecnologias da informação continuam a estar entre as que garantem melhor nível de empregabilidade e de evolução da carreira profissional, pelo que não é de estranhar que continuem a ser as mais procuradas em termos de formação.
Mas a necessidade de constante actualização de conhecimentos face à evolução tecnológica, e a certificação de competências em áreas muito específicas, ligadas a soluções das principais empresas de TI, como Microsoft, Cisco, SAP e Oracle, continuam a dinamizar a procura de formação, apesar de os vários players reconhecerem um ligeiro abrandamento da procura por parte das empresas, em alguns casos compensada pelo aumento da procura de particulares que querem investir no seu currículo.
«A área das TI ainda continua a ser uma das áreas com mais empregabilidade no mercado, mesmo a nível nacional, tal como acontece nos outros países mais desenvolvidos. Além disso, baseia-se em tecnologias em constante evolução, como sabemos. Assim, a formação dos profissionais é fundamental, tanto para acompanharem esta evolução, como para entrarem na área», afirma Jorge Lopes, director comercial da Rumos.
A empresa centra a sua oferta nesta área em formação certificada, com parceiros e fabricantes, e em formação especializada, cujo enfoque são os utilizadores e as soluções Microsoft Office e Java, os dispositivos mobile, os sistemas operativos, as base de dados, o hardware, o networking e os sistemas open source. Ao todo são mais de 450 cursos em catálogo, somando mais de 11 300 formandos e cerca de 2500 certificações por ano, que permitem uma visão bastante abrangente da procura nesta área.
Mesmo na conjuntura actual, as empresas e os particulares continuam a sentir necessidade de reforçar a formação em TI, mas as áreas de soft skills e de competências empresariais têm vindo a crescer, ajudando a consolidar aptidões pessoais que, aliadas às habilitações técnicas, permitem ganhos de produtividade e eficiência nas organizações, explica Cláudia Vicente, directora geral da Galileu. A empresa de formação tem registado também uma procura elevada em soluções Microsoft, nomeadamente nas áreas de redes e sistemas, bases de dados e desenvolvimento, assim como nas soluções Cisco CCNA.
A actuar numa área muito específica, a SkillStep é especializada em formação em gestão de projectos e essencialmente em formação sobre tecnologia Oracle, mas no último ano a procura foi mais activa nas áreas de business intelligence, arquitecturas SOA, implementação de processos organizacionais (Oracle BPM), gestão de conteúdos e portais. «O funcionamento das organizações depende cada vez mais das TI, que são uma ferramenta crítica para as organizações conseguirem fazer mais com menos recursos» afirma Vítor Pereira.
«A formação profissional é um investimento crítico para a obtenção de soluções com qualidade e que maximizem o retorno do investimento em software. Investir em software sem investir em formação é um erro que se paga caro», lembra o Oracle business manager da Pessoas e Processos, onde se integra o centro de formação SkillStep para tecnologia Oracle.
A maioria dos players contactados pelo Semana para este trabalho centra grande parte da sua oferta de formação na área empresarial, que continua a ser bastante activa na procura, apesar da conjuntura económica. Na Galileu, cerca de 80% da formação é procurada por empresas, enquanto a SkillStep faz cursos quase exclusivamente nesta área e a Rumos nota que são as organizações os principais investidores em formação em TI.
Ainda assim, a procura privada aumentou em 2012, identificando-se a necessidade de os profissionais investirem directamente na actualização dos seus conhecimentos e competências, melhorando as suas hipóteses de empregabilidade. Em resposta a este movimento, a Rumos reformulou as Academias Rumos, especialmente dedicadas a este público, que somam ao processo de formação um estágio para os formandos que terminam as certificações.
A FLAG, especializada em tecnologias associadas ao desenvolvimento de artes e suportes visuais e interactivos, nas vertentes print, Web e motion, acaba por ter uma experiência diferenciada, mantendo cursos à medida direccionados para empresas, mas também cursos de longa duração, com possibilidade de estágio, denominados cursos FLAG Professional, para particulares que pretendam ingressar no mercado de trabalho; assim como cursos de média e curta duração para actualização de conhecimentos e desenvolvimento de novas competências, orientados para profissionais com os mais diversos níveis de conhecimento.
Gabriel Augusto, director da empresa, admite que a maioria dos seus clientes provém do mercado particular, que sente necessidade de investir na sua competitividade, mas que isso também se deve à contenção de custos por parte das empresas.
Empregabilidade reforçada
Apesar da larga maioria dos formandos que passa pelos cursos da True-Skill ser proveniente de empresas, Sérgio Caldeirinha, director de operações, defende que a empregabilidade é hoje um elemento-chave na procura de formação especializada. «Essa é e será a questão que todos os que trabalham nesta área devem colocar de forma permanente. A empregabilidade depende da capacidade individual de concretizar tarefas, seguir processos e atingir resultados. As certificações consolidam um destes eixos e funcionam como fortes âncoras junto dos empregadores», afirma, asseverando que esta é uma tendência que se vai reforçar.
Garantir a manutenção do emprego, a evolução na carreira e o aumento do ordenado médio ou a procura de uma nova posição profissional são alguns dos estímulos para a formação identificados pelas empresas contactadas pelo Semana. «Não tenho estatísticas, mas para os particulares, juntamente com uma formação académica adequada, a certificação pode ser uma porta de entrada no mercado de trabalho muito relevante, contribuindo também a área de escolha», admite Jorge Lopes, director comercial da Rumos, apontando as áreas de ITIL e de gestão de projectos como as mais requisitadas pelas empresas, a par da área de redes e sistemas.
Mesmo para quem acabou uma formação universitária, a aposta numa certificação ou numa formação especializada pode ser uma opção acertada para a entrada no mercado de trabalho, até porque o enfoque acaba por ser bastante diferente.
«A formação universitária molda-nos enquanto indivíduos para nos prepararmos para o mundo empresarial, e isso é um factor-chave na mentalidade de cada um de nós. No entanto, creio que ainda existe na área das TI e em algumas universidades um afastamento ao contexto das reais necessidades das empresas», afirma Nuno Velho. Por isso, o director-geral da Actual Training, que mantém um catálogo de mais de 600 formações em TI e que tem apostado nas áreas de ITIL e de gestão de projectos, acredita que a sua oferta é claramente complementar à formação universitária. «Estamos alinhados com o que se passa a cada momento no mercado (com os fabricantes) e com as necessidades imediatas em cada fase», sublinha.
Os projectos do Governo de apostar na formação dual, em contexto de trabalho, são bem vistos pela maioria das empresas de formação, que não encaram o movimento como uma ameaça ao seu negócio.
«Poderá ocorrer um decréscimo na procura de cursos com conteúdos programáticos de carácter inicial, no entanto, os cursos que abordam temáticas mais específicas e avançadas deverão ter uma maior procura por parte do mercado», afirma Gabriel Augusto, director da Flag, que acredita que este será um estímulo à formação complementar, uma vez que, perante a realidade empresarial, os estudantes vão estar mais sensíveis para a necessidade de se tornarem competitivos e de aumentarem as suas competências, através de cursos mais avançados.
Nuno Velho, da Actual Training, partilha este optimismo, lembrando os casos de sucesso na Alemanha, e afirmando que espera que a ideia se concretize, uma proposta partilhada por Vítor Pereira, da SkillStep. «Aumentar o nível da cultura informática no país é um aspecto crítico para o desenvolvimento económico do próprio país e das organizações», lembra.
Ainda há falta de profissionais de TI?
Não há números exactos sobre as faltas sentidas no mercado de trabalho na área de tecnologias da informação, embora um estudo da ANETIE tivesse identificado há alguns anos a necessidade de formar mais 2 a 3 mil profissionais por ano para cobrir as necessidades das empresas de TICE, apontando também um desfasamento entre o tipo de formação realizada nas universidades e as carências nas empresas.
Mesmo na actual conjuntura económica, o certo é que as empresas continuam activas no recrutamento, embora de forma mais moderada, e a acusar a necessidade de mais profissionais, sendo que a taxa de empregabilidade dos alunos que terminam cursos superiores nesta área é uma das mais elevadas. E a grande concorrência acaba por vir do estrangeiro, com entidades especializadas em recrutamento a aliciar os jovens licenciados e com mestrados para empregos fora do país, levando a uma fuga de cérebros, que começa a preocupar muitas empresas.
Em algumas áreas específicas, a necessidade de profissionais é elevada mesmo a nível global. Um estudo recente da IDC, patrocinado pela Microsoft, concluía que não existem profissionais suficientemente treinados para responder à procura na área de cloud computing.
Só nos Estados Unidos a procura poderá crescer 26% até 2015, para 7 milhões de postos de trabalho, sendo que neste ano as empresas não terão conseguido cobrir a necessidade de 1,7 milhões de profissionais qualificados nestas soluções, acompanhando o crescimento da adesão à tecnologia.
Em termos globais, a IDC estima que a procura de profissionais de TI deverá aumentar 4,3% anualmente até 2015, chegando nessa altura aos 19,3 milhões de postos de trabalho.
Fonte: Semana Informática
http://www.semanainformatica.xl.pt/formação/508-certificações-continuam-a-reforçar-competências-em-ti.html
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