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Protocolo reforça formação nos cuidados paliativos

Mais de mil profissionais de saúde vão ter formação nesta área. Responsáveis pelos serviços apelam à desburocratização para reduzir o tempo de espera.

Foi assinado esta quinta-feira um protocolo entre o Ministério da Saúde e a Fundação Calouste Gulbenkian na área dos cuidados paliativos, no valor de um milhão de euros.

O objectivo é aumentar o apoio a doentes em fim de vida. O acordo prevê a formação de 1500 enfermeiros e médicos nos próximos três anos. Após a formação, os profissionais de saúde ficarão habilitados a trabalhar com a dor crónica e proporcionar, em casa, um cuidado médico e afectivo no final de vida dos doentes.

A formação destes profissionais é também um caminho que a ministra da Saúde, Ana Jorge, diz ser essencial para que o tempo que os doentes estão à espera de receber apoio seja encurtado.

Nesta altura, a média de espera é de 20 dias, quando devia ser de 24 horas. Na opinião de Ana Jorge, existem duas razões para a espera ainda ser longa: “Um atraso nesta identificação e nesta referenciação e depois, também, as equipas que ainda não existem em todo o país”.

Na visita que a ministra realizou hoje a Matosinhos, os responsáveis de serviços de cuidados paliativos apelaram, por isso, a uma desburocratização do processo de referenciação dos doentes a necessitar destes cuidados.

Edna Gonçalves, responsável da equipa de suporte de cuidados paliativos do Hospital de S. João, no Porto, diz que, na maior parte dos casos, "decorrem 15 dias a concluir o processo de referenciação destes doentes", considerando que "não faz sentido este processo ser tão burocrático".

Ana Jorge concorda que muito ainda há por fazer, mas chama a atenção para o facto de os médicos porem, “muitas vezes, tardiamente a indicação de cuidados paliativos. Fica, por isso, aqui o desafio para uma melhor articulação entre as equipas”.

Ana Jorge recordou ainda que nesta área, "em 2006, existiam em Portugal 40 camas em quatro unidades de internamento e uma equipa de apoio domiciliário".

"Hoje, depois da implementação do Programa Nacional de Cuidados Paliativos, integrado na Rede Nacional de Cuidados Continuados, o Serviço Nacional de Saúde já assistiu mais de três mil utentes com necessidades específicas", sublinhou ainda a ministra, referindo que foi também "graças à parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, com as autarquias e com o sector social que, por esse país fora, se tem vindo a apoiar o alargamento da prestação de cuidados paliativos junto da população".

Para já, são quatro as equipas, que, no âmbito do protocolo, estão no terreno a prestar cuidados paliativos de forma articulada com as estruturas de saúde, como os hospitais e os centros de saúde. São elas a Equipa de Cuidados Paliativos do Hospital de São João (Porto), a Equipa de Cuidados Paliativos da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, a Equipa da Unidade Domiciliária de Cuidados Paliativos do Planalto Mirandês e a Equipa da Unidade Local de Saúde Baixo Alentejo.